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* A evasão dos cursos de graduação: os dados das universidades federais

La Asociación de Universidades Públicas de Brasil (ANDIFES) viene planteandose el grave problema del abandono de los estudios (evação) por parte un elevado número de estudiantes universitarios, problema, por otra parte, común a otros estados. El Pró-Reitor de Ensino de la Universidad Federal de Uberlândia, Prof. N.A. Filho, describe los objetivos y planteamientos de la ANDIFES en esta materia.
Niemeyer A. Filho. / A evasão dos cursos de graduação ganhou definitivamente um espaço na agenda de discussão das universidades públicas. Na última reunião da ANDIFES, realizada em Florianópolis, hou- ve uma apresentação preliminar dos principais aspectos discutidos pela Comissão Nacional de Evasão, criada no âmbito do MEC. Houve um entendimento da parte dos Reitores de que o tema é essencial para a política institucional de graduação, indicando-se a necessidade de um novo momento para que a plenária da ANDIFES se inteirasse mais detidamente sobre o problema. A evasão vem sendo objeto de estudos da Comissão há pelo menos um ano. Ela foi criada para responder a afirmações do então Secretário da SESU, Décio Leal Zagottis, que, numa reunião da ANDIFES, apresentou números de evasáo média por instituições que ultrapassavam os 50%. Os números foram amplamente divulgados pela imprensa. Os Reitores não concordaram com a forma e consistência deles e propuseram que um grupo de Pró-Reitores de Graduação estudasse o assunto, o que foi aceito pelo MEC. A Comissão desenvolveu uma metodologia própria, baseada em levantamentos por cursos e em acompanhamentos de turmas de ingressantes, até o limite da diplomação: as chamadas Gerações Completas.
Está em curso uma sistematização de dados em todas as instituições federais, incluindo algumas estaduais e municipais públicas. Há dificuidades porque os controles acadêmicos não foram instituídos para apoiar estudos desta natureza. Poucas universidades apresentam séries históricas estatisticamente significativas e confiáveis. Isto fez com que se optasse por trabalhar com um número reduzido de Gerações Completas, cobrindo o período que se inicia cm 1986 até 1994. O importante é que se constatou uma dimensão complexa da formação de terceiro grau nas instituições públicas. A evasão não é um fen“meno simples, não obstante sua fácil percepção. Ela é um fen“meno universal às universidades, variando apenas na dimensão. Conta com uma complexa determinação que inclui uma natureza marcadamente histórica, constituindo-se de fato numa expressão do processo educacional mais amplo. Aí estão presentes aspectos próprios ao funcionamento da universidade, tais como currículos, normas acadêmicas, avaliações, enfim questões relativas ao processo pedagógico.
Mas também, estão presentes aspectos da realidade social brasileira: condições de vida adversas e pouca perspectiva de inserção no mercado de trabalho. Talvez não seja a melhor maneira de se discutir aspectos tão profundos da universidade, de como se dá a inserção desta instituição na sociedade e os seus resultados. Eu diria que a discussão da LDB, do projeto de universidade pública, da organização institucional são dimensões mais adequadas. Contudo, a afirmação de uma proporção exagerada da evasão nas universidades federais fez com que nós nos debruçássemos sobre temas muito mais amplos, procurando estabelecer conexões que pudessem aumentar nosso conhecimento sobre o processo educacional superior. Os números da evasão por cursos mostram que muitas áreas exigem um investimento elevado do Estado, sem resultados adequados. Perde-se um esforço expressivo pela fuga do aluno antes do final do curso. Há diferenciações por universidades. Nós sabemos que o sistema federal, por exemplo, têm instituições muito diversas. Algumas já têm maturidade. Muitas estão em processo e constituição e crescimento. Mesmo assim, a coincidência dos dados é notável. Eu diria que temos elementos suficientes para identificar áreas nas quais a evasão exigirá um esforço de política nacional. Voltando à forma de trabalho da Comissão Nacional, ela entende que os estudos devem servir de suporte posterior a uma política nacional de graduação. Assim, buscou sistematizar os dados de maneira a facilitar uma visualização de problemas comuns às instituições. Num primeiro momento, foi utilizada a divisão por áreas adotada pela CAPES: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Humanas, Ciências da Saúde, Ciências Sociais e Aplicadas, Engenharias, Linguística, Letras e Artes. Os números médios de evasão obtidos desta forma serão comparados com os de outros países. é interessante observar que há coincidências importantes. Os cursos de matemática, por exemplo, são problemáticos em qualquer lugar, no que diz respeito à evasão. Os de medicina, o contrario.
Penso que as discussões de política acadêmica e ações internas aos cursos estarão facilitadas. Há uma cautela elogiável da Comissão e das entidades nacionais, com destaque para a ANDIFES, em divulgar números preliminares sem a devida contextualização e reflexão, nesta conjuntura. Sabemos que há um processo de transformação da universidade em curso. Há diferentes projetos em discussão, sustentados por forças políticas que têm diferenças importantes, às vezes radicais. A imprensa nem sempre tem sido fiel aos argumentos que estão em jogo. Além disso, houve um deslocamento claro do eixo das discussões do conceito da universidade pública, gratuita e de qualidade, para aspectos de financiamento e abrangência do sistema público federal. As desconfianças são grandes porque entender-se que a aparente concordância com a permanência do ensino superior público pode obscurecer as reais diferenças de projeto de universidade. Não faz muito sentido que um Governo que defenda a idéia de um Estado "Enxuto e Eficiente", uma terminologia mais aceitável que um Estado Mínimo, possa disponibilizar o financiamento necessário para um sistema público de qualidade e que possa expandir crescentemente. De todo modo, teremos em breve a divulgado do estudo completo da Comissão Nacional e poderemos, aí sim, ter uma noção consistente do problema.


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